Ela é uma rapariga decente. Apesar de ser Balança, é extremamente complicada no que toca a decisões e sonha alto. Bem, não é sonhar alto... É mais sonhar, sonhar e sonhar. Imaginar como tudo poderia ser amanhã e no amanhã não acontece nada do que ela tinha imaginado. Disse-se recente que tem tendência para a dispersão.
Mas hoje ela viveu uma tarde como gostaria que todas as suas tardes fossem.
Estava ela num local cheio daquela magia que lhe faz os olhos brilhar, a ler sobre o que gosta, a aprender, a partilhar mesa com um deles. Ao mesmo tempo em que ali estava ouvia, ao longe, ténues vozes a ensaiar uma peça que ela ainda não descobrira qual era. Eis senão que a meio pensa ouvir a voz de um outro, o ele, mas desistiu no vão sentimento que de seria bom de mais para ser verdade. Até que ele canta e ela reconhece-lhe a voz, a música, o texto. Palavra a palavra e a imagem forma-se na mente dela. Era tão somente uma das suas peças favoritas. Do seu dramaturgo épico de que todos falaram e brincaram com ela no dia anterior.
Ganhou outro ânimo. Agora estava naquele local a estudar o que mais gostava e a ouvi-lo a ensaiar. Não era preciso vê-lo ou estar com ele, ela partilhava consigo mesma a sorte de o poder ouvir fazer aquilo que a fizera apaixonar por todo aquele mundo.
Porém, tal qual uma Cinderela, também ela teve de se ir embora ao bater das horas e não deixou lá nenhum sapato, mas um suspiro. E mil e um pensamentos.
O sol incendiava a lua pela qual ela caminhava feliz. Estava pasma com o que destino lhe tinha trazido.
À noite, em retrospectiva, lamenta ter ouvido algo ao longo desse dia. Talvez tivesse tido tudo para ser perfeito, mas aquela ausência não lhe fugia ao coração. Ela sabe que agora tudo o que este mundo lhe possa trazer virá sempre acompanhado de uma memória.
Uma figura de inspiração.
Sim, fora um dia mágico.
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