sábado, 22 de janeiro de 2011

1974

Nos finais de 2010 deixei de fazer as minhas recorrentes críticas sobre as peças de teatro que ia ver, e agora que penso nisso...não sei bem porque é que o deixei de fazer. E todo este impasse aconteceu quando vi o Sombras. Tenho uma professora que me disse, há uns tempos, que quando vê um espectáculo bom passa dias e dias,até semanas, a pensar no mesmo. A mim acontece-me exactamente o mesmo, mas se por um lado às vezes consigo expressar imediatamente a minha opinião, por outro lado, demoro tanto tempo que depois não vejo necessidade de o fazer. E depois do Sombras ainda veio O Jornada para a Noite, o Tu és o Deus que me Vê, produções das escolas de teatro, e acho que não me estou a esquecer de mais nenhuma...

Bom, ontem fui pela primeira vez ao teatro em 2011 e decidi inaugurar este ano com a apresentação do Teatro Meridional no TNSJ: 1974
Ao contrário do Sombras, este espectáculo não pretende glorificar Portugal, mas criticar e pôr em questão muitas das decisões que foram tomadas desde a data que o intitula. O espectáculo abre com uma cena capaz de cortar a respiração a qualquer espectador envolvendo-o logo, e desde esse inicio que não nos conseguimos desligar por um único minuto que seja. A ausência de palavras deixa-nos confortáveis naquele silêncio cheio de imagens que preenchem e constroem um óptimo espectáculo. 
É um espectáculo extremamente completo, perfeito a nível de som e luz que se conjugam, com a prestação dos actores, numa perfeita tríade teatral que, acompanhada por uma crítica mordaz final, nos deixa extremamente satisfeitos com o produto final da peça.
Não deixa de ser um homenagem ao nosso país, mas creio que é aquele veio crítico que faz o espectador não só sentir, mas criticar, pensar e tentar compreender se tudo o que aconteceu, aconteceu de acordo com os que queriam fazer evoluir Portugal o desejavam.
E como disse alguém, no final, com a imagem que o espectáculo monta, apercebe-mo-nos desta crua realidade: a de que os portugueses e Portugal estão de costas voltadas.




Até Domingo no Teatro Nacional. É "assombroso de bom"!

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