Se há coisa que abomino são os dias mundiais para isto ou pra aquilo, cada vez mais há uma onda de dias especiais para qualquer coisa, mas no fundo, as pessoas esquecem-se de honrar aquilo que se devia festejar no dia. É o que acontece todos os anos no 25 de Abril, no 5 de Outubro ou no dia 1 de Dezembro em que a tv sai toda contente à rua para vangloriar a burrice de alguns portugueses. O mesmo acontece com o Dia da Mulher que deixei passar ao lado do blog apenas porque não me apetecia bradar aos céus que este dia nem devia existir. «Ai, mas tem de existir porque as mulheres sofreram muito no passado e ainda sofrem coitadas.»
Eu sou mulher e sei perfeitamente que temos de lutar por um lugar neste mundo, porque sempre foi assim, fomos feitas a partir de uma mísera costela! E no fim o suor por uma luta com frutos é muito melhor do que subir no cargo apenas porque se diz no jornal que maior partes dos altos cargos neste país pertence aos homens. E, já agora, como é que as mulheres festejam este dia? Ah sim, vão às discotecas.
O Dia Mundial do Teatro tem o mesmo fim que os outros. O teatro é a arte mais efémera que existe e, por isso mesmo, a mais enriquecedora para a nossa cultura pessoal. Mas neste país é a primeira arte a ficar de lado apenas porque não existem fundos para o financiamento. Depois há pessoas mesquinhas que privatizam espaços advogando que trouxeram vida à baixa da cidade, mas que criam espectáculos para a classe média-alta!
O teatro devia estar acessível a todas as pessoas. O teatro é melhor que cinema em 3D (como mostra o anúncio do TDMII). São pessoas como nós que se transformam na nossa frente, e é essa magia da transfiguração que torna capaz a nossa entrada num outro mundo por apenas algumas horas. Nem tem de ser um mundo, basta vermos ali em palco, um espectáculo. Algo de novo. Refrescante.
Embora as escolas de artes estejam na moda, não é isso que traz o teatro como Arte à ribalta. O que se torna mais triste, porque neste dia, de forma a tentar chamar mais pessoas ao teatro as entradas são gratuítas nos espectáculos. E as pessoas vão, mas provavelmente não voltam às salas.
O teatro não precisa apenas de investimento governamental, mas também de investimento pessoal de cada cidadão.
Temos de reforçar a Mística do Teatro!
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