terça-feira, 25 de agosto de 2009

das memórias II

Há pouco estive a fazer uma colagem com um dos meus putos e o cheiro a cola levou-me para os meus primeiros anos escolares.
As colagens. As pinturas. Os recortes. O trabalho do dia da Mãe. O trabalho do dia do Pai. Os desenhos. As montagens.
A inocência. A ignorância. A felicidade.

Uma vez disseram-me que os ignorantes eram os seres mais felizes à face da terra e eu não pude deixar de concordar.
Quando não sabemos de algo que eventualmente nos podia preocupar, levamos a vida normalmente até que ao sermos confrontados com a notícia a nossa vida dá uma volta de 108º.
É a mais pura das verdades.
No entanto eu não trocava a minha inteligência, o meu conhecimento pela ignorância. Uma vida com pormenores, é uma vida com sabor a tutti-frutti. Provamos, gostamos, vamos comendo, de vez em quando engasgamo-nos com um caroço. Mas somos felizes.

Talvez seja por isso que a vida, para as crianças, seja sempre boa e feliz - não têm de se preocupar com nada, a crise passa-lhes ao lado, a consternação da gripe idem, e as únicas preocupações é que o Noddy, o Ruca ou a Vila Moleza estejam na televisão à hora do costume.
E nos primeiros anos as nossas esperanças são tantas, os sonhos imensos, as vontades tão indómitas que, só posso dizer que, com o passar dos anos, nos compete fazer uma triagem disso mesmo.


Porque a ignorância... Essa deitamo-la para trás das costas, e comemos a salada de fruta com uma colher de prata.

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