sábado, 4 de dezembro de 2010

Desânimo.

Odeio quando acabo por ficar assim, desanimada. Odeio porque o monstro do desânimo apanha-me assim de repente e, ultimamente, parece estar colado a mim como se fosse uma segunda pele.

É naquela hora em que o sol nasce, como dizia Natália: "turva hora onde/principia a noite/e o dia se esconde./hora de abandonos/ em que a gente esquece/aquilo que somos/e o tempo adormece./ Nevoenta hora/hora de ninguém/em que a gente chora/não sabe por quem./ E tudo se esconde/nessa hora onde/por estranha magia/Brilha o sol de noite/E o luar do dia" -  que se instala e me esgana o coração. Pela noite ataca quando deito a cabeça na almofada, mastigando o meu pequeno músculo até à última batida consciente.
Ainda não me sinto capaz de escrever sobre o Sombras porque relembro, constantemente, que somos nós que passamos e não o tempo.
Mas, neste momento, eu sinto que tudo passa por mim e eu fico quieta no meu lugar, numa espécie de mundo fechado e nem fui eu que o fechei.
Culpabilizo os meus sonhos, esta mania insana de imaginar, de sonhar, que depois me corrompe a alegria porque nada corre como poderia correr.

E porquê? Porque a certeza de que não preencho os standards universais me faz condoer desta figura inútil que sou eu.

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