segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Mãe

Falasse eu alemão e seria uma miúda feliz neste momento. Mas não falo e por isso toda a minha paixão pelo Teatro de Brecht advém dos meus 18/19 anos quando estudei pela primeira vez o teatro épico. Mais tarde vi-o numa concretização de duas peças de B.B. onde pude contrapôr tudo o que tinha chamado à atenção e fiquei sempre, sempre, com o Brecht na cabeça.

E, claro, estando uma das suas peças aqui no Porto, não a poderia perder. Por isso, ontem, fui ver A Mãe onde todos os pormenores que estudei sobre o dramaturgo confluiram na minha cabeça ao mesmo tempo que a peça se desenrolava em palco. E na plateia, sim, porque A Mãe entregou-me um panfleto sobre a greve.

Baseado na ideia anti-aristotélica, Brecht queria criar um teatro que não fosse contemplativo, mas operativo, isto é, chamar a atenção do público para o conteúdo da peça e obrigá-lo a pensar. Por isso são usados vários artíficios para que o público nunca se identifique com uma personagem, e a música tem um papel fundamental uma vez que acompanha o texto fazendo fluir e maravilhar o espectador.
Ora o TMA fez uma belíssima encenação desta peça desde o cenário, passando pela música e englobando os actores. Dentro de cenários mínimos brechtianos, sendo esta uma característica de B.B., a nossa atenção centrava-se nos actores e no texto. E o texto era a voz dos trabalhadores de uma fábrica que queriam fazer uma greve em protesto aos baixos salários.
No entando temos uma mãe que, preocupada com o filho, acaba por entrar no mundo deste e envolve-se cada vez mais com os ideais bolchevistas. Acabando por se tornar na Pelagea Vasslova mãe e activista.
O público acompanha cada pedaço desta viagem.
É uma peça de consciência, porque através da figura desta mãe há uma maior sensibilização do público, transportando sempre aquela aura crítica e de paixão pelo teatro.
É, aliás, também através da figura desta que o público acede ao interior das outras personagens, vendo assim em Vasslova um veículo de entrada na peça que, tanto nos afasta da acção como nos aproxima da mesma.
Muito, muito bom.

Ai, como eu adoro Brecht!

3 comentários:

Paulo Brás disse...

gosto quando dizem B.B. (bêbê)

e... hum, gostava de perguntar algumas coisas, és a única que conheço que estudou brecht :D

Juh disse...

Bem fiquei interessadissima!!!!
pena n estar no porto mts vezes agr!!!:(

blonde disse...

Ainda bem que não fui ver... A suposta mãe que conheço de Brecht nada tem a ver com essa... Devem ser peças diferentes.