Ultimamente os meus dias nem parecem dias, parecem horas longas que se repastam do meu espírito devassado por este je ne sais quoi que o tempo parece exalar.
Então é ver-me levantar da cama muito lentamente, cheia de marcas na cara que se assemelham a cicatrizes, sem vontade de sequer pensar no que vestir. O que, no meu caso, é um algo um bocado complicado porque não tenho um santo corpo onde qualquer trapinho brilha.
Depois é ver-me a sonhar acordada com diversas coisas, desde parvoíces idiotas a idiotices mesmo parvas sem explicação.
Eu não sou uma pessoa dada a rotinas. Sempre que começo algo, raro é o que continue durante muito tempo e, cada vez mais se acentua essa tendência.
Ontem fui passear para a Baixa sozinha, sentia-me como se estivesse dentro de uma bolha de melancolia e ao passar o Majestic, fiquei lá especada a ouvir o piano que tocava.
Quase me apeteceu deitar no chão e ficar ali até de noite, a ver as pessoas passarem dentro da suas bolhas, cada uma com a sua vida, cada qual com o seu problema.
Quando acordei do transe desci a 31 de Janeiro e meti-me no comboio.
E na minha retina ficou gravada a imagem que o vidro do comboio me devolveu quando estava a olhar para o rio. Nunca antes na minha vida tinha visto uma olhar tão triste, tão afastado, tão irreal.
E era o meu.
4 comentários:
Quando quiseres eu vou contigo passear, assim passeias na mm bolha que eu. :D
eu vi esse olhar ontem tambem...
há dias assim.
convém é que sejam a minoria do nosso auto calendario emocional*
Há dias assim em que procuramos um sentido para nós próprios mas também são precisos.
Quanto ao corpinho danone, pois tá visto qualquer trapinho fica bem num danone!
Beijocas.
... ai espelho (meu).
vou-te seguir*
Enviar um comentário